30.3.11

metamorfose

Uma mulher na rua. Livros e cadernos na mão
Entra. Talvez em uma escola.
Veste-se. Com roupas feitas de planejamentos, atividades e projetos.
Ouve. O som ensurdecedor do sinal.
Todos logo saem para seus lugares ao encontro dos alunos.
A mulher da rua, agora professora, fica.
Não há um lugar certo. Não há encontro marcado.
Espera. O chamado desesperado de alguém.
Pensa. No que será que me transformarão agora?
Metamorfoseia-se. Em um mesmo dia, várias pessoas.
Não tem mais nome, a chamam pelo nome de outro, do professor-ausente.
Traveste-se. Já não se reconhece uma professora. Talvez secretária, enfermeira, médica, psicóloga, assistente de assuntos aleatórios.
Fim do dia. A mulher-professora, "metamorfose ambulante", vai embora. Cambaleando, confusa, procura nela mesma o que sobrou do que era: uma professora com o simples desejo de ter em seu cotidiano, um encontro marcado com seus alunos.

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