4.4.12

lembre-se desse cartaz

04/04/2012 - Greve dos Professores da Cidade de São Paulo - Praça da Patriarca


É caro professor, quando você num momento de lapso achar que ganha bem, lembre-se desse cartaz. 

3.4.12

Carta ao novo, que já é velho

Caríssimos que passam por aqui de vez em quando,

Peço-lhes desculpa pela demora em retornar a escrever. Demorei, pois a vida dentro desse habitat está trabalhando contra qualquer fagulha de inspiração e poesia.
Muitas coisas ocorreram. Mudei de uma das escolas que trabalhava, e como vocês sabem tem toda aquela coisa de adaptação e etc. A escola é nova, mas o problema velho permanece, pois continuo na mesma situação, tapando buracos, subs-ti-tu-in-do.
Tenho também esse ano, um aluno autista na educação infantil. É a conhecida e ao mesmo tempo nebulosa inclusão. Digo conhecida, pois todos sabem que é lei, assim toda escola deve incluir todas as necessidades especiais. Nebulosa, pois as coisas vão acontecendo de forma atropelada e sem uma estrutura mínima para tudo isso.
Além disso, temos uma greve. É a primeira greve que passo como professora e não como estudante. As relações são outras, muitas pessoas amedrontadas, pois a questão de faltar alguns reais no bolso no final do mês, pode causar transtornos financeiros.  Assim como, a falta de tempo e espaço para a discussão, o que na universidade era um pouco mais possível.
Cada um tem seu motivo pessoal, suas contas a pagar, seus compromissos, mas penso que o aperto de um mês pode ser o alívio de uma carreira inteira. Urge dentro de nós professores, a necessidade de valorização. E tudo começa com a valorização financeira. É no mínimo desconcertante, ver um conhecido seu que é estagiário de direito, publicidade ou qualquer área querida da sociedade, ganhando infinitamente melhor que você que já é formado.
Também é cansativo, ouvir pessoas de seu círculo social sugerindo que você fuja da profissão, que “não vale a pena se desgastar”, entre outros conselhos. Isso não soluciona, deprime.
Basta! Escolhi tal profissão, porque gosto e não por falta de opção. Se todos, os docentes desertarem, quem formará futuros médicos, advogados, padeiros, engenheiros, professores, cientistas, mecânicos, veterinários, artistas? Desertar ou lutar? Essa última é minha opção, por ora.
Enfim, fico por aqui. Tomara que todo esse novo cenário traga algumas pitadas de inspiração. Escrever acende a vida dentro de mim.
Até breve,

C.