28.3.14

digitar: habilidade fundamental ao professor

Imagem de Will Leite


Havia numa cidade grande uma professora, aliás uma rede de professores, que tinham pouco tempo para pesquisar e planejar suas aulas, pois tudo se resumia a apenas 135 minutos semanais para tais tarefas, tempo de uma uma partida e meia de futebol.
Falando em futebol, nesta cidade, no ano da Copa de 2014, o prefeito e seu secretário de educação resolveram implantar um sistema regido pela tecnologia para substituir o velho diário de papel. O argumento para isso é que o diário de papel faz mal ao meio ambiente, não é sustentável. Sim, a maioria dos professores concordam com isso. Apesar, que dizem as más línguas que os professores terão que imprimir após a digitação completa e também que o lixo eletrônico é bem mais preocupante do que o consumo de papel.
Essa bonita ideia, não está mais ocupando espaço físico como os diários de papel, mas o espaço de um tempo precioso do professor, o espaço para invenção de conhecimento e pesquisa. Pois professor, nos seus 135 minutos semanais, cria, inventa, pesquisa para levar aulas interessantes aos seus alunos. Entretanto, os manda-chuvas desta cidade estão querendo achatar o trabalho do professor e transformá-lo num mero digitador. 
E foi isso o que aconteceu, no ano de 2015, conhecimento fundamental para avaliar professores no concurso desta cidade foi a demonstração na teoria e na prática se eles sabiam datilografia/digitação e não mais teorias sobre o desenvolvimento humano, legislação educacional, novas metodologias e formas de avaliação.
E anos depois, foi espalhado pelos quatro cantos do país, na tv e nos jornais, que uma doença terrível assolou os professores desta cidade, pois de pesquisadores e inventores de aulas interessantes, passaram a não controlar mais seus dedos e, por todo lado e em todos os lugares, mexiam-os incessantemente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário